O dia começou com um curso na área de desenvolvimento pessoal. Uma amiga viu uma promoção no facebook de um curso, achou que tinha a minha cara e enviou-me o link. Decidi que seria uma mensagem do Universo, já que andava há meses com vontade de fazer um curso naquela área específica, e inscrevi-me.
Faço questão de não mencionar o que foi, nem quando, já que a experiência foi estranha para mim.
Racionalmente não havia nada de errado. Foi um curso com bastante informação, com o qual continuarei a aprender - já que fica para a vida - e que é bastante interessante! É uma área apaixonante! Não havia nada de errado com o curso, ou com o que foi leccionado. Mas havia qualquer coisa que eu não conseguia descrever, que me estava a provocar desconforto. O meu corpo e (o que agora percebo como) intuição reagiam de uma forma negativa, mas a minha mente não compreendia porquê.
No final do dia, finalmente terminado o curso, fui jantar ao shopping. No caminho, aproveitei para fazer uma introspecção e descobrir o porquê daquele sentimento, aparentemente sem sentido.
Após várias tentativas falhadas e já quase a desistir - já quase a chegar ao shopping - , acabei por me recordar dos livros de Eckhart Tolle. Nomeadamente do Ego, na forma como ele o descreve e, de repente, fez-se luz!
É isso!!!
Era o Ego do senhor que estava a mexer comigo. Geralmente reajo com desconforto quando vejo, ou penso, que a outra pessoa se está a gabar... Quer essa pessoa o faça conscientemente ou não. Depois comecei a aperceber-me que foi mais que isso, que houve pequenos detalhes na comunicação em si, que também interferiram comigo... Por mais que o meu lado racional quisesse olhar para além disso e focar-se na aprendizagem, o meu corpo traía-me e ocorriam-me pensamentos (intuitivos) - só quero o certificado e ir-me embora! - que não encaixavam na minha normal sequência de pensamentos, que visava apenas integrar as novas aprendizagens. Aprendizagens que considerava mesmo, e considero ainda, serem interessantes e úteis.
É incrível como, na comunicação, o que se diz é o menos importante para nós. Os nossos sentidos dão muito mais valor à forma como esta se processa. As palavras, o que se diz para além do tema em foco, a voz, o corpo, as outras pessoas na sala...
Depois comecei a pensar também, até que ponto não seria o meu próprio Ego a interagir com o dele. Porque todos nós temos um Ego, maior ou menor, mas que está lá.
Pensar nisto acabou por me gerar mais desconforto e, quando saí da minha mente, já estava quase a terminar o jantar.
Fiz intenções de ir ao cinema, escolhi o filme e tudo, e para fazer tempo até à hora, fui comprar um gelado.
Quando estava a comer a minha sobremesa, apareceu no shopping um grupo grande de jovens com ar rebelde, e o meu corpo começou novamente a dar sinais de desconforto. A minha mente tentou lutar contra isso, porque classificou o comportamento como preconceito. Mas o corpo tem formas de reagir irracionais, inconscientes e involuntárias. Assim, cedi e pensei em ir para casa.
Terminei o meu gelado e lá me encaminhei para o parque de estacionamento.
Nisto passei por uma livraria... Até aqui nada de Especial...
Hesitei uns segundos antes de entrar, pensando que tinha um livro para terminar para um trabalho de preparação para exame de Coaching, com o qual ainda ando às voltas... Mas depois recordei que dali a pouco tempo já estaria formada e então poderia ler o que quisesse. Assim, entrei.
Deparei-me com um livro de um autor que me diz muito, ainda por cima com 50% de desconto! Reparei na capa que o livro pertencia a uma série, e que aquele era o livro 2.
Dirigi-me ao balcão e perguntei pelo livro 1. A senhora que me atendeu, não o encontrou na base de dados mas mesmo assim foi à estante. Eu acompanhei-a e na busca deparei-me com outro livro do mesmo autor. A senhora forneceu-me algumas informações sobre esse outro livro, mais do que eu estava à espera, e fiquei admirada. É difícil encontrar pessoas que já tenham lido o autor em questão, muito menos todos os livros dele. Não encontrámos o tal livro 1 e eu acabei por comentar:
- Bem, é porque não tinha de levar o primeiro livro, mas este.
A senhora começou a perceber o meu interesse peculiar por aquele tipo de livros e chegou mesmo a comentar que geralmente são pessoas mais velhas que os lêem. Não me recordo se lhe respondi logo de seguida, mas sei que lhe disse que comecei a ler aquele tipo de livros desde os 12-13 anos de idade...
Ela oferece-me um pouco de ajuda e acaba por me sugerir outro livro, que imediatamente aprovei. Ela vai ao balcão com o livro e eu permaneço naquela seção de livros tão interessantes para mim. Quando ela volta, sugere-me outro que imediatamente aceitei também. Isto repetiu-se de novo e aí senti-me forçada a dizer qualquer coisa:
- Bem! A senhora está mesmo aqui a ajudar-me! Tenho livros com os quais ando na mente há tempos e a senhora chega aqui e pega logo neles!
Ela riu-se e comentou com a colega, toda contente. Imediatamente instalou-se um diálogo mais profundo. A senhora, como eu, modéstia à parte, é bastante espiritual e estávamos ali as duas em conexão. Eu pensava, ela ia buscar o livro, sem ser preciso falar e sem nunca nos termos cruzado antes. Além disso ela percebia imenso daquela área da literatura. Suponho que seja a sua preferida.
Dali começámos a conversar mais e mais, a colega também entrou na conversa e entrámos num círculo de partilha incrível, com temas de conversa de outro mundo... Literalmente.
Quando dei por mim, já estavam a contar o dinheiro da caixa e a fechar a minha loja preferida. Até brinquei dizendo:
- Já posso dizer que estive numa livraria até fechar! - não me conhecem, mas livrarias e bibliotecas são só os meus sítios preferidos!
Olhei para o relógio e já tinham passado três horas! Fiquei admirada! O tempo realmente é algo muito subjectivo!
Isto é o que acontece quando se juntam três almas que adoram ler e que estão abertas a temas esotéricos, sem preconceitos. É o que acontece quando nos propomos a iniciar uma conversa com o próximo. É o que acontece quando três pessoas se unem através de um livro. É o que acontece quando há rapport e empatia. É o que acontece quando há conexão. É o que acontece quando três almas estranhas se revêem entre si. É o que acontece quando metemos os papéis de lado e conversamos como seres espirituais que somos.
O melhor de tudo foi o sentimento de gratidão recíproco entre as três, por aquele momento que afinal foram horas; a vontade de perpetuar o sentimento de reconhecimento; a vontade de nos voltarmos a encontrar mais vezes; a vontade de perpetuar a partilha; e quando uma delas verbalizou de forma tão natural e verdadeira:
- Ah, que leve que eu vou agora para casa...
Quando há reconhecimento, o sentimento que fica é essa leveza... No fundo, é o Namastê - o ser espiritual que habita em mim, reconhece o ser espiritual que habita em ti.
A lição que retiro deste dia é que o Ser tem muito mais força e poder que o Ego. Afinal, um momento de reconexão com o Ser, apagou um dia inteiro de Ego e desconforto.
Quando forem comprar qualquer coisa, lembrem-se que têm à vossa frente um funcionário que também é Ser e é Especial. Naquela pessoa pode estar a chave que nós precisamos para esse dia. Porque não fazer um esforço e descobrir? Basta começar com um sorriso... Ou com um livro, neste caso...
Quando forem comprar qualquer coisa, lembrem-se que têm à vossa frente um funcionário que também é Ser e é Especial. Naquela pessoa pode estar a chave que nós precisamos para esse dia. Porque não fazer um esforço e descobrir? Basta começar com um sorriso... Ou com um livro, neste caso...
Namastê
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