Saturday 23 January 2016

Como é conhecer a tua alma gémea?

Cresci a acreditar em contos-de-fada. Sempre sonhei com o homem perfeito e sonhava com um amor à primeira vista. Assim que o visse eu saberia que era ele quem procurava. Assim, com um simples olhar... Afinal dizem que os olhos são as janelas da alma. Eu saberia reconhecer a minha metade se a visse. Nesse momento não haveria dúvidas. Eu simplesmente saberia. E ele também. Um sentimento mais forte do que nós, puro, recíproco, verdadeiro amor.

Cresci mais um bocadinho e ensinaram-me que contos-de-fada só existem em livros e em filmes. Ensinaram-me que a realidade é bastante diferente. Cruel a meu ver. A experiência comprovou-o. Mas ainda assim sonhava com esse amor maior do que eu. Queria acreditar com todas as minhas forças que havia mais. Tinha de haver... E eu tinha de o encontrar ou então "ficar para tia". Nunca fui de me contentar com metades. A minha outra metade tinha de andar por aí. A vida não teria piada se assim não fosse e a sua busca seria o meu sentido para viver.

Quase perdi a esperança nesse amor. Mas continuei como podia. Com a minha metade tornando-a maior, melhor, una na sua metade.

E então um dia encontrei-a!

Habituada a pensar no amor de forma racional, lutei contra o sentimento. Havia muito contra nós, nomeadamente a distância de um oceano que nos iria separar dentro de poucos dias. Mais do que tudo eu não queria sofrer. Viver longe de alguém que se ama é sofrer. O meu sentido de auto-preservação bastante desenvolvido pelos anos, estava a tentar evitá-lo. A poucas horas da despedida apercebi-me que havia algo pior que, ainda não havia tomado em consideração. Ir embora sem sequer tentar perceber o que isto poderia ser era bem pior! Não saber se seria amor, aquele amor e, ir simplesmente embora era devastador! Eu tinha de saber se este sentimento era real, se o que eu sentia em cada fibra do meu ser tinha algum sentido! Para o bem ou para o mal, eu não me podia ir embora sem tentar descobrir. Eu sabia que ele, sendo um cavalheiro, nunca daria o primeiro passo, ele nunca faria nada que pudesse ser mal interpretado... Havia muita coisa que sabia sobre ele sem que ele precisasse de me contar, eu simplesmente sabia... E sabia que se quisesse descobrir a verdade, teria de ser eu a tomar a iniciativa e já não tinha muito tempo. Eu tinha medo de perder algo demasiado importante, por medo. Foi assim, numa de "agora ou nunca", que o beijei e, soube...

É ele. Foi sempre ele...

E ele? Ele já sabia. Soube-o quando me viu pela primeira vez.

Não posso dizer que me apaixonei à primeira vista, mas posso dizer que me apaixonei ao primeiro gesto de amor incondicional que ele demonstrou para com outros seres humanos. Foi apenas então que, por detrás dos meus muros de proteção, consegui ver a sua alma. Assim, à primeira-vista da sua essência, eu soube.

Como é conhecer a tua alma gémea? Simples. Já a conheces. Podes nunca a ter visto antes, mas assim que a vês sabes. Podes nunca ter tido um amor assim, mas naquele momento sabes que era aquela alma que procuravas. Podes nem saber ao certo o que procuras, mas quando encontras sabes. Simplesmente sabes e não há nada que possas dizer a ti próprio que te tire essa certeza. Acredita, eu tentei. E depois de mim outros...

 Os contos-de-fada existem. Sim, não é exactamente perfeito. Se fosse não teríamos um oceano a separar-nos agora, viver longe de alguém que se ama é sofrer. Mas ao mesmo tempo é perfeito porque nos amamos apesar de todas as dificuldades, das saudades, da dor e da solidão que por vezes é inevitável. Entre nós não há dúvidas ou medos em relação ao nosso amor. O nosso amor é forte, o nosso amor é puro, o nosso amor é para a vida.

Chamem-me de doida, mas eu acredito em contos-de-fada. Eu acredito no amor.