Thursday, 18 February 2016

Medo do que poderia ter sido e não foi

Nunca saber o que poderia ter sido consome-me... Prefiro sempre tentar e falhar, do que nem sequer tentar por medo...

O medo continua lá... Sempre!

Medo de não conseguir, medo de desapontar, desiludir, quebrar, falhar... E neste medo sou egoísta, pois tenho medo de desiludir-me a mim, desapontar-me a mim, falhar perante mim mesma... Porque eu tenho altas exigências de mim própria. Talvez o faça por saber que sou sempre capaz de mais e melhor? No entanto, com toda essa ambição vem também o tal medo... O medo de falhar! Porque eu odeio falhar! Falhar é a confirmação de que não sou capaz! E quando isso acontece é o fim do mundo para mim...

Mas há um medo superior.

O medo de nunca saber o que poderia ter sido...

Por isso eu tento sempre. E quando falho tento de novo, porque quem sabe, talvez seja desta... E assim vou tentando sempre, arriscando sempre esse sofrimento, caindo na escuridão cada vez que falho, apenas para me levantar e tentar de novo!

Desistir nunca. Tenho medo de desistir.

Desistir é a confirmação que eu realmente não tenho aquilo que preciso para chegar onde quero. Falhar é o "fim do mundo", mas desistir é a "morte do artista". Já fui e voltei desse "fim do mundo" e sei que só dura o tempo que eu deixar que dure. Só dura o tempo que eu demorar a levantar-me e a tentar de novo. O "mundo" pode acabar mas eu volto sempre!

Volto porque tenho medo.

Medo de não conseguir, medo de desapontar, medo de desiludir, medo de quebrar, medo de falhar, medo de nunca conseguir, por ter desistido de mim... Eu tenho medo... Muito medo... Medo dos "se"! Nenhum outro medo se compara ao medo de nunca saber o que poderia ter sido. Desistir é falhar, falhar é morrer e morrer... Morrer é o fim!

Por isso eu rumo ao desconhecido, tomo riscos, cometo loucuras e no fim... Eu vivo!


E esse é o meu segredo. 

Saturday, 23 January 2016

Como é conhecer a tua alma gémea?

Cresci a acreditar em contos-de-fada. Sempre sonhei com o homem perfeito e sonhava com um amor à primeira vista. Assim que o visse eu saberia que era ele quem procurava. Assim, com um simples olhar... Afinal dizem que os olhos são as janelas da alma. Eu saberia reconhecer a minha metade se a visse. Nesse momento não haveria dúvidas. Eu simplesmente saberia. E ele também. Um sentimento mais forte do que nós, puro, recíproco, verdadeiro amor.

Cresci mais um bocadinho e ensinaram-me que contos-de-fada só existem em livros e em filmes. Ensinaram-me que a realidade é bastante diferente. Cruel a meu ver. A experiência comprovou-o. Mas ainda assim sonhava com esse amor maior do que eu. Queria acreditar com todas as minhas forças que havia mais. Tinha de haver... E eu tinha de o encontrar ou então "ficar para tia". Nunca fui de me contentar com metades. A minha outra metade tinha de andar por aí. A vida não teria piada se assim não fosse e a sua busca seria o meu sentido para viver.

Quase perdi a esperança nesse amor. Mas continuei como podia. Com a minha metade tornando-a maior, melhor, una na sua metade.

E então um dia encontrei-a!

Habituada a pensar no amor de forma racional, lutei contra o sentimento. Havia muito contra nós, nomeadamente a distância de um oceano que nos iria separar dentro de poucos dias. Mais do que tudo eu não queria sofrer. Viver longe de alguém que se ama é sofrer. O meu sentido de auto-preservação bastante desenvolvido pelos anos, estava a tentar evitá-lo. A poucas horas da despedida apercebi-me que havia algo pior que, ainda não havia tomado em consideração. Ir embora sem sequer tentar perceber o que isto poderia ser era bem pior! Não saber se seria amor, aquele amor e, ir simplesmente embora era devastador! Eu tinha de saber se este sentimento era real, se o que eu sentia em cada fibra do meu ser tinha algum sentido! Para o bem ou para o mal, eu não me podia ir embora sem tentar descobrir. Eu sabia que ele, sendo um cavalheiro, nunca daria o primeiro passo, ele nunca faria nada que pudesse ser mal interpretado... Havia muita coisa que sabia sobre ele sem que ele precisasse de me contar, eu simplesmente sabia... E sabia que se quisesse descobrir a verdade, teria de ser eu a tomar a iniciativa e já não tinha muito tempo. Eu tinha medo de perder algo demasiado importante, por medo. Foi assim, numa de "agora ou nunca", que o beijei e, soube...

É ele. Foi sempre ele...

E ele? Ele já sabia. Soube-o quando me viu pela primeira vez.

Não posso dizer que me apaixonei à primeira vista, mas posso dizer que me apaixonei ao primeiro gesto de amor incondicional que ele demonstrou para com outros seres humanos. Foi apenas então que, por detrás dos meus muros de proteção, consegui ver a sua alma. Assim, à primeira-vista da sua essência, eu soube.

Como é conhecer a tua alma gémea? Simples. Já a conheces. Podes nunca a ter visto antes, mas assim que a vês sabes. Podes nunca ter tido um amor assim, mas naquele momento sabes que era aquela alma que procuravas. Podes nem saber ao certo o que procuras, mas quando encontras sabes. Simplesmente sabes e não há nada que possas dizer a ti próprio que te tire essa certeza. Acredita, eu tentei. E depois de mim outros...

 Os contos-de-fada existem. Sim, não é exactamente perfeito. Se fosse não teríamos um oceano a separar-nos agora, viver longe de alguém que se ama é sofrer. Mas ao mesmo tempo é perfeito porque nos amamos apesar de todas as dificuldades, das saudades, da dor e da solidão que por vezes é inevitável. Entre nós não há dúvidas ou medos em relação ao nosso amor. O nosso amor é forte, o nosso amor é puro, o nosso amor é para a vida.

Chamem-me de doida, mas eu acredito em contos-de-fada. Eu acredito no amor.

Monday, 23 November 2015

Esmola




Pessoas que não dão esmola com a desculpa do "não tenho"... Algumas dessas pessoas nem levantam o olhar, outras metem um sorriso e uma voz doce... A sério? Não tens? Estás num café a comer uma sandes e um café cuja conta, eu sei, não dá valor certo! Não és mesmo capaz de meter a mão no bolso e dar umas moedas? Que diferença te fazem a ti essas moedas? Estás com medo do quê? Que ao pegar na carteira o pedinte ta roube à força? Que esse pedinte vá comprar álcool ou drogas? E se for? O problema é dele! Porque não dar o benefício da dúvida? E se fosses tu a precisar de ajuda e ninguém acreditasse nos teus bons intentos?
Eu peguei logo na carteira e mesmo à frente dele esvaziei-a das minhas moedas... Só deu um euro e picos... O troco da compra da minha sandes e café. Pensei que outros seguissem o meu exemplo, li que após a primeira pessoa dar o primeiro passo, outras a seguem no que se refere a dar esmola. Mas a seguir a mim a pessoa só recebeu os "não tenho" e eu fiquei a sentir-me mal. Se toda a gente neste café lhe tivesse dado o seu troco de um euro e picos seria diferente... Assim senti-me mal por ele. Por essas pessoas cheias de preconceito. Senti-me culpada por elas, com vontade de ir atrás dele e pagar-lhe o resto do bilhete de avião (22 euros era o que lhe faltava... agora faltam 20 e picos) pedindo-lhe desculpa pela insensibilidade dos outros. Mas quando tomei essa decisão já foi tarde demais, ele já tinha desaparecido de vista. Na mão, lembro-me, trazia o que parecia ser a impressão de uma reserva de avião embrulhando o que talvez fosse um passaporte. Não tenho a certeza pois,não prestei muita atenção na altura. Sinceramente não me interessava o porquê de ele precisar de esmola. Para mim foi suficiente vê-lo pedir ajuda com educação e agradecer a cada pessoa, mesmo quando lhe diziam "não tenho". Eu fiz a minha parte. Arrependo-me de não ter feito mais e espero que pelo menos os turistas sejam mais amáveis... O que ele fizer com os 20 euros, se os conseguir, não é da minha conta. Eu fiz a minha parte, se ele não fizer a dele, isso já não é comigo. Mas não me parece que ele possa causar muito mal a quem quer que seja só com 20 euros... Não comparemos dar esmola a um pobre a dar milhões a empresas da ISIS/EI! O ser humano anda mesmo com as ideias trocadas...


Máscara de oxigénio


Cada vez que viajo de avião, faço questão de ouvir esta parte. Em tudo na vida temos primeiro de tomar conta de nós antes de podermos ajudar os outros. Não é egoísmo. Se conseguir "respirar", irei chegar a mais pessoas. Nós também precisamos de "oxigénio" e há quem se esqueça disso. E claro, também há quem se esqueça da segunda parte - a de ajudar os outros a seguir.